O pior é mesmo sentir aquela imensidão de casa vazia, falta a presença do meu animal de estimação, aquele que consegue fazer com que eu me renda aos seus pés.. És tão tu quando me acaricias depois de uma noite gelada, e me agarras com essa tua carinha de menino rebelde. Realmente o que as saudades fazem, são espinhos afiados que se cravam na minha pele, rasgando-a, até sentir a carne a borbulhar... borbulhar de dor.
Dói por dentro e por fora, não só por não te ter aqui como também por não ter com quem passear a nossa mascote - aquele pequeno roedor e brincalhão - és sem dúvida um motivo enorme para eu me sentir angustiada.
Rapidamente recuso-me a sair de casa, continuo deitada no sofá, melancólica, à tua espera. Esperando que me apareças por essa porta, de onde nunca deverias ter saído, para te bombardear com perguntas que terão respostas sem fim. Quero entender se esta mudança também te provocou cólicas e se as borboletas na barriga hibernaram, quero saber se te sentes tão vazio como eu, que não resisto em querer saber de ti - sempre foi mais forte que eu.
A paixão é assim, o pedaço de matéria que nos pertence e foi roubado para nos lembrarmos que sós não conseguimos adormecer e que a razão das lágrimas é mais forte do que a força que move os moinhos em dias de vento.