domingo, 7 de abril de 2013

O homem que eu esperei ver a meu lado para sempre fez-me circular amor nas veias. As minhas entranhas estão ressequidas, a minha boca seca, sinto o meu paladar doce. Detonaste em mim o poder do reciproco. Sinto-te em mim de uma forma efémera mas na sua totalidade. E do nada vos peço que fiquei comigo durante um tempo indeterminado, sem razões aparentes, quero-te encostado a mim, flor de uma jarra de vidro azul pálido sem fim. 


sábado, 6 de abril de 2013

E enquanto percorria aquela rua, vaga de ideias, frequentemente utilizada por cristãos praticantes, sentia-me interiormente vazia. Não tinha qualquer fé em mim ou nos outros, éramos somente corpos quentes, normalmente instáveis, que procurávamos prazer, facilidade e comodismo. Não tive qualquer vontade em olhar ao meu redor, ver almas preenchidas com tamanho amor fazia-me pecar. Estávamos em plena primavera molhada e a chuva continuava a ser desprezada por todos... menos por mim. Continuava a gostar do cheiro a terra molhada e de sentir a brisa arrepiante que se costuma sentir nos tempos mais refrescantes. Mas de todo foi um prazer sair de casa com a tempestade lá fora, ainda para mais, obrigada pelo tempo e pelo medo de nunca encontrar o amor na Rua Saint Roman De L'amour. É verdade, eu tinha medo de não encontrar o amor até que o amor me encontrou e o medo acabou.

terça-feira, 2 de abril de 2013

E em toda a confusão citadina eu encontrava-me ali, petrificada, à espera de um respirar mais profundo teu. E no mesmo instante que isso aconteceu eu beijei-te. Beijei-te porque foi mais forte que eu e a sensação de provar o teu suspiro era maior. Suspiros de canela, o meu preferido. 

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Eu tinha acabado de colocar a loiça na máquina quando vejo na televisão a noticia do primeiro embate do avião. Estava a olhar para a televisão e a tentar relembrar todos os lugares que me tinhas dito que ias, eu não estava mais naquela sala, estava contigo onde quer que estivesses. De imediato quero-te a bater à porta e a perguntar se eu estava bem, mas não chegava qualquer rasto teu. Tinhas-me dito que ias falar com o Mr. Royal porque o seguro da casa estava-te a incomodar. Tinhas-me dito ainda que, se houvesse tempo, ainda falarias com o Mr. Smith para lhe perguntar pela filha que tinha estado doente na semana passada. Tinhas-me dito tanta solidariedade que te esqueceste de dizer "Eu chego bem a casa Maria".
E quando pego no telefone para saber de ti, eis que o segundo avião embate na segunda torre e ao mesmo tempo que isso acontece, o meu coração parte-se em mil cacos de amor e porcelana. Tu estavas lá, naquela meia janela do quadragésimo quinto andar, a discutir burocracias de um seguro que poderia ter esperado. Deixaste-me aqui, meio incrédula com o sucessivo, meio morta e meio nada.. Eu não senti nada somente a tua falta e a minha morte lenta.
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