sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Não encontro outra sombra para mim, a antiga está cheia de medos e incertezas. Incertezas essas que me consomem dia após dia, em qualquer lugar, sou um vidro partido em mil cacos. Se alguém se aproximar tenho quase a certeza que se pode cortar por isso afasto as pessoas em qualquer circunstância.  Não consigo não pensar no que pensam sobre mim, é uma luta constante contra o desânimo e o sofrimento, estou tão fraca de espírito que já não me encontro (...) já não me reconheço. Não me lembro sequer de algum dia ter sentido esta angústia, era feliz e agora? Agora não sou sequer eu própria.

sábado, 4 de outubro de 2014


Esperar pela mudança quando a própria mudança é não mudar é frustrante. Consigo sentir-me a desesperar por dentro, são tantos os gritos de socorro, tantos os últimos suspiros, já nem distingo se vivo ou sobrevivo. Quando a tua alma é cheia de generosidade e somente recebes o mínimo o mais importante é saber que nem tudo o que foi teu será novamente. E são nesses precisos momentos de lucidez que me vejo rodeada de nada, em tempos fui amada até por vilões, hoje sou mais um bocado de vento. Estou profundamente desiludida com o presente que o futuro me proporcionou, de tantos desgostos possíveis, o meu é o mais doloroso e sombrio. A solidão é a morte de qualquer poeta.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Se as aves do planalto comentassem comigo sobre o que vêm de lá da colina, sobre o que sentem para lá do horizonte (...) tudo seria mais fácil de respirar se soubesse de onde vem o vento e o que traz ele. Não imagino sequer outra explicação para tal melancolia se não culpa do vento e das tristezas que o acompanham. Não gosto de ser eu a culpa dos dias cinzentos e da infelicidade desmedida, por isso resisto a estas manhãs ventosas e oportunistas que me levam sempre a levantar da cama e a tomar uma chávena de aragem matinal. E repito para mim mesma "há dias em que nada vale a pena, nem levantar da cama".

quinta-feira, 3 de julho de 2014

4 Julho, 2014

Gostava de ser tão transparente como tu meu Deus. Levitar e pairar sobre o que nada mais me incomoda. Ser menos um incómodo na sociedade bendita e escravizada pelos sinistros vermes que a habitam. É presságio. É maldição. Por um breve momento desapareço e quando regresso as bocas enchem-se de fome de maldade. Sangue velho com novas histórias. Podia não ser nada mas é tudo tão rápido que sinto risos a ecoar ... como sinos ... e magoam e maltratam.
Já não sou minha, sou vossa. Nada tenho para dar senão as minhas diferenças que precisam de ser julgadas, apontadas (...) algumas ainda dormem na indiferença, permanecem ocultas do exterior. Tenho pena de ter mudado, mas o contexto transforma a pessoa. E continuo a querer ser um nada de todos.
Mas e eu? Gostava de ser uma brisa de alivio de quem já não consegue lidar mais com a vida. Baptizarem-se em meu nome e desenterrar o que eu fui, mas que não sou mais. O que fui morreu. O que sou, morre lentamente. O que serei nunca quererei saber, porque sei que não serei o que quero ser.

domingo, 20 de abril de 2014

Perguntei-te logo ao início se seríamos alvos de desmembramento. Garantiste-me que não. Ainda assim fiquei com um pé atrás. 
"Para o amor é preciso tempo. Desgastes emocionais todos temos, mas só os fortes conseguem lidar com a pressão lá fora. Insistir que está tudo bem quando nada faz sentido é um erro.
Dizer que amamos sem sinal de felicidade também é outro erro."
Entendi que poderia confiar em ti como o azul do céu confia no branco das nuvens para fazer um quadro digno de uma exposição. Amei. Lutei. Sofri. Senti que eu também ganho ferrugem. E aos poucos fui-me apercebendo que o nosso barco tinha ranhuras que deixavam a água entrar. E de imediato lembrei-me do titanic e congelei. Não seria a outra mas senti-me como tal. A mais. Quis esquecer a vida, pedi a Deus para me colocar fora do mundo dos vivos, não quis ver o nosso desmembramento precoce e sem vontade mútua.
"E de tantas vidas que já vivi, em qual delas cometi um crime tão grave para merecer isto?"
Nada mais valia a pena. Ninguém entenderia o quão apaixonada sou pelos teus nervos. Prometes-te não voltar a afogar o que restava de nós. A confiança, desta vez, tinha ficado fora do barco. 

terça-feira, 15 de abril de 2014

Sempre tive uma certa inclinação para escolher pessoas erradas na minha vida. A amostra é tão variada e ascendente que tropeço nas minhas próprias dúvidas e acabo por aproximar-me dos meus piores pesadelos. Depois só me resta esperar pela desilusão e a morte das minhas esperanças de que poderia ser feliz ao lado daqueles que escolhi.

   - Seria bom se o céu fosse um espaço neutro, sem prévia designação de que só acolherá os que agiram de bem para com o mundo. Assim poderia viver tranquila, sem marcas no corpo ou na alma, porque o céu sempre me fascinou e seria o meu melhor fim.

Não consta nos livros que as pessoas que se abrem para as pessoas erradas acabam no inferno, mas também não se diz por aí que as más escolhas nos dão acesso ao sagrado lugar de descanso. Gostaria de emendar um caminho cheio de dor, arrependimentos e insatisfação. Talvez no final teria a certeza que o meu lugar acabaria por ser no céu. No Universo. Sem culpar as estrelas.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Podia ser tudo aquilo que desejarias que eu fosse.
E assim me despedi de ti, porque deixar de ser eu não deveria ser uma hipótese. Gostava de poder dizer que a culpa do fim foi do destino que nunca estive do nosso lado. E será que algum dia estaria? Hipoteticamente falando, se as nossas modéstias tivessem sido diferentes ou se a nossa disponibilidade fosse permanente, será que teríamos os ventos a nosso favor?

"Aprendi que o sentimento do amor não é mais nem menos forte conforme as idades, o amor é uma possibilidade de uma vida inteira, e se acontece, há que recebê-lo. Normalmente quem tem ideias que não vão neste sentido, e que tendem a menosprezar o amor como factor de realização total e pessoal, são aqueles que não tiveram o privilégio de vivê-lo,  aqueles a quem não aconteceu esse mistério." José Saramago
Amei-te por uns segundos e com isso aprendi que amar não estava ao alcance de uma só pessoa e que coração que bate sozinho é coração vazio e amaldiçoado. Amei-te pelo que eras, não pelo que és agora.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Ainda não consegui entender se o que me consome sou eu mesma ou o que existe lá fora. Não me poupo a palavras.  Arrisco tudo o que alguma vez consegui ter e lanço tudo ao ar. Queria conseguir libertar-me de mim mesma, como névoa desfeita ou pedaços de vento perdido. Consigo escrever o que tu nunca conseguirás ler porque mesmo que entendas tudo no seu sentido literal, eu sempre fui uma metáfora. 

Olha à tua volta, não encontras mais nenhum barco perdido?
E porque haveria eu de encontrar?
Porque tal como tu, que andas perdida num mar tempestuoso, há mais como tu.. mais barcos sem rumo. 
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