terça-feira, 29 de janeiro de 2013

29 de Janeiro de 2013
Deixamo-nos cortar pelo vento e pelo resto das palavras que restavam. Estava frio mas ao mesmo tempo o calor das nossas áureas não nos deixava mais tremer, éramos uns corpos quentes e mortos que ali estavam, olhando um para o outro, sem coragem para pronunciar qualquer sentimento. E eu falo de ti sem razão aparente porque todas estas histórias nunca são verdade, são apenas sonhos de alguém de coração cheio, cheio de arritmia e paragens simétricas e constantes. Eu sou um coração meloso e feito com tinta da china, sabes o que isso significa? Sei que não, ninguém o sabe... mas continuo a enche-lo de ti, como sempre te prometi.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

25 Janeiro 2013
Decidi escrever porque o autocarro já vai a meio do caminho e eu continuo a olhar em meu redor e a ver-me em constantes personagens. O barulho é ensurdecedor, não me oiço a respirar mas sei que o estou a fazer. Sinto-me viva, por incrível que pareça, hoje sinto-o. E enquanto passo os olhos por vários seres distintos, sinto a necessidade de pegar na caneta e escrever quantas saudades tenho do passado que não mais volta. 
Olho para um lado e lembro-me de como era estar apaixonada por um amor impossível.  Quando ele entrava no autocarro e, sem querer, trocávamos olhares, olhares que para mim ferviam como água sem gás. E tudo culminava num misto de faiscas efervescente capazes de desmoronar a qualquer altura, ou melhor, quando os olhares mudassem de direcção e a viagem continuasse. Depois, ao olhar para trás revejo-mo na pele daquela rapariga que tinha uma viagem inteira para contar tudo o que tinha acontecido na noite anterior à melhor amiga. Os risos eram a fonte mais viva de toda a conversa e sinto saudades de ter uma melhor amiga a tempo inteiro - suspiro como um nada e solto a voz para lhe dizer que aquela amizade não vai ser verdadeira para todo o sempre, mas para quê destruir sonhos? nunca ninguém me o fez..
A viagem já vai a mais de meio e ainda me vejo na rapariga que dizia que estava cansada de tudo, que o mundo não é mais que um simples circo e que as cenas cómicas não alegram mais ninguém - Esta era eu quando me apercebi que o amor é só um acontecimento que dói de maneira estúpida e indecente.
E eu não condenei ninguém, escutei, reflecti e sorri, "eu era assim". Foi a viagem mais penetrante de todo o momento, sentia que tinha tantos heterónimos como Pessoa e que eles estavam ali, a lembrar-me do passado. E tudo isto numa viagem de autocarro.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

22.01.2013
Temos conversas de marinheiros porque navegamos no mesmo barco há anos. Sei de cor todas as tuas facetas de herói e tu sabes exactamente onde estão todas as minhas sardas. Gosto de te contar todos os passos que dou durante o dia e tu, paciente como sempre, escutas até não me suportares mais, o que garantes que nunca irá acontecer. Lembro-me de percorrer bancos e fileiras para me poder encontrar contigo no 918 que passava mesmo junto à minha porta em direcção à tua e ainda desejar que me convidasses a ficar. Lembro-me de coleccionar pétala por pétala das margaridas do jardim da minha casa na esperança que me dissessem que tu me querias como eu te queria. Lembro-me de me deitar e ficar a pensar naquele discurso enorme e bem preparado que tinha para te dizer na manhã seguinte, quando aparecesses milagrosamente à minha frente. És um milagre sabias? Sempre o foste e eu sei amar-te como milagre que és. E não há forma de não te pedir para ficares para sempre comigo, é só esse o meu desejo de 2013, de 2013 até ao final da minha vida.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

21.01.13
Estou cansada de histórias de amor que não acabam da maneira como sonhamos. Umas vezes somos um fruto maduro, pronto a comer, sem qualquer vestígio de bichos ou partes verdes. Outras vezes somos apenas ar, ar e memórias tristes que nunca chegaram a consolar o coração. E os suspiros já não nos valem de consolo ou recomeço porque a história é a mesma, e para sofrer novamente, antes vale despir o cansaço e irmos para frente do mar afogar as mágoas. Já nem o café é o mesmo, nem o doce de maçã tem o mesmo sabor. Nem vale mais a pena acordar cedo para tomar o pequeno almoço... Para quê fazer companhia à solidão? Prefiro deixa-la morrer e depois sim, levantar-me já pela hora de almoço para começar outro dia sem dissabores.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

09.01.13
"Consegues sobrevoar almas mas não consegues esquecer o passado?"... Foi tão difícil voltar a sentir o frio de 2012 porque a verdade é a razão, está tudo subjacente no que não foi feito mas apenas perdoado, porque sou um coração mole que deixa passar tudo por entre os dedos. E aí ficaram os erros e as culpas sem definição, as lembranças de noites mal dormidas e húmidas. Enfim, perdoar é fácil, esquecer é impossível e eu continuo a fingir que 2013 me vai fazer esquecer todas as sombras passadas. Engano-me a mim e a ti.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

01.01.2013
E os desejos para 2013 chegaram mais depressa do que eu os pedi. O café escaldado para queimar gargantas estava no ponto e o ano soube como o fazer a meu gosto. No entanto deixei-me de vícios, estava a ficar negra por dentro de tanto não saber amar como tu e isso causava mau estar, dores de coração e em certos casos amnésia. Está na hora de esquecer as mágoas e ondas carregadas de sal do ano passado, chegou a momento de encararmos que o nosso futuro é juntos e que por mais almas penadas que apareçam a nossa ligação arde-nos como feridas por sarar. Guarda-me esta noite porque a anterior estive a tomar conta de ti e deixei-me arrefecer com o orvalho da madrugada. Preciso de descanso, apaga as luzes. Feliz 2013.

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