sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

E eu  continuo presa ao passado que me corrói, agarrada a pequenos trapos rasgados de mágoa e dor. Consequentemente perco-me no fumo e nas cinzas do que outrora foi o nosso amor cego porque uma coisa é o amor, outra é a relação. Não sei se, quando duas pessoas estão na cama, não estarão de facto, quatro: as duas que estão mais as duas que um e outro imaginam. E se tudo isto fizer sentido, eu acredito que não somos só quatro na mesma cama, somos seis. Somos nós dois, mais as duas pessoas que desejaríamos que fossemos, mais as duas pessoas que fomos um dia e que, por azar do destino, nunca o deixamos de ser.
Eu gosto de te amar mas gostava ainda mais se pudesse confiar em ti como antes, quando após uma semana sem saber de ti, tudo o que eu queria saber era se tinhas saudades minhas, não com quem tinhas estado. E depois de conversas com sabor a mel, ficávamos somente ali a contemplar o nosso caminho a dois, sem memórias ou nódoas negras de um passado obscuro.
Mas hoje não sei mais quem sou nem o que fiz para não sentir mais os meus joelhos. Hoje não sei mais se o mar é realmente um sitio calmo ou apenas um meio para uma morte sufocante. Não acredito mais em dias cor de rosa, aliás, não acredito mais na inocência dos dias.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Se ele me tivesse contado como estaria a minha vida agora, eu não acreditaria. Está tudo tão mudado, todas as minhas reflexões anteriores, neste momento, não fazem mais sentido. Os meus medos são outros e os meus anjos da guarda também. Estou rodeada de novas estrelas, novos ares, estou onde sempre quis estar. Mas a saudade é que me bate imensas vezes à porta e eu acabo sempre por a deixar entrar. "Não tenho pressa, vou me sentar" e aí me deixa assim, perdida e âncorada a chorar. Ai se eu soubesse o que sei agora, inúmeras palavras não tinham sido pronunciadas e os meus arrependimentos seriam menores. Teria sete palmos de confiança e saberia exactamente até onde poderia chegar. Se eu soubesse meu amor, ai se eu soubesse.
- Se tu soubesses o que te esperava, irias pedir aos céus que te alterasse o destino.
- E porquê?
-Porque tu meu amor, sempre foste do contra (...)

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Ironias do destino, senti-me armadilhada na minha própria pele. Escondi-me atrás de diversos disfarces, façanhas, rotinas, enfim, movimentos singulares que me permitiriam ser mais "eu própria". Agora que eu já nem sei quem sou, não sei mais como me revelar porque esconder-me é o meu ponto forte. É o tempo das mudanças e das novas realidades, é o tempo de descobrir um novo eu, sem mais rodeios ou estranhas impressões alheias. Mas o nosso amor continua o mesmo e, graças a Deus, estarei mais perto de ti e de nós. O nosso amor continua intacto como no inicio e apesar de tantos buracos que encontramos ao longo do nosso caminho, a verdadeira glória é a do vencedor, somos nós.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Olho-te nos olhos e ofereço-te mais uma oportunidade de seres feliz. Enquanto que lá fora os dias continuam quentes e monótonos, a decisão final para tudo mudar é tua. Ainda que os caminhos mais longos e dolorosos sejam os mais difíceis, sei que dentro de ti há a chama que nos une. Sinto o céu rasgado a implorar para que voltemos a ser mais um corpo uno, salgado e inseparável. Mais uma completa epopeia de feitos gloriosos, mistificada com certos falatórios que pressupõem o nosso fim. Deixo-te aqui a única razão do nosso encontro e continuo a recta paralela que os nossos olhos encontram à sua frente.
- Haverá algum dia que seremos completos e felizes?
- Só o tempo o dirá. 

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Tenho saudades de escrever para um público interessado e fiel. Um público sensato nos comentários que faz, realizado e orgulhoso. Está a anoitecer e eu preciso de público, onde andam vocês? Falta-me a magia para vos conquistar? A ousadia de ser cada vez mais feroz e esmagadora nas realidades escritas? Gritem-me, esfolem-me a pele mas por favor digam-me o porquê? O porquê de tanto silêncio a meu redor. Quero barulho, rispidez, amargura, gritos, confusão. Quero sentir-me viva mais uma vez porque sem vocês e sem sinal de vida sinto-me morta. Mais uma vez morta. Venham pequenas fúrias divinas, embrulhadas em pétalas de rosa preta. Acorrentadas pela malícia do "ser ou não ser" ou da dúvida mortífera que é a efemeridade da vida. E repito-me, repito-me sempre em temas de conversa. Enfim, só e repetida.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Aceitemos então que estamos sozinhos e, a partir daí, façamos a nova descoberta de que estamos acompanhados – uns pelos outros. Quando pusermos os olhos no céu estrelado, com a furiosa vontade de lá chegar, mesmo que seja para encontrar o que não é para nós, mesmo que tenhamos de resignar-nos à humilde certeza de que, em muitos casos, uma vida não bastará para fazer a viagem – quando pusermos os olhos no céu, repito, não esqueçamos que os pés assentam na terra e que é sobre esta terra que o destino do homem (esse nó misterioso que queremos desatar) tem de cumprir-se. Por uma simples questão de humanidade.

— José Saramago

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Alguém me leu. As minhas páginas estão machucadas dos dedos ásperos e suados. Sinto que a minha existência incomoda alguém, será? Deixa-te estar, enquanto não ouvires a razão dentro do teu próprio ser, não serás capaz de me atormentar. A minha existência é a tua morte. E enquanto isso é fatal como o destino eu não me preocupo com mais nada. Não me resta sonhos para construir nem desejos por realizar, eu sou um pote de ouro. E tu não és nada. Nunca foste nada, só inveja e ciúme.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Sei para onde quero ir, não sei para onde vou. É irreal pensar na partida mas o acaso tratará do resto. Ponho o meu futuro nas mãos do destino que tão pouco me desafiou nestes últimos anos. Por isso, apago a última ponta de memórias em volta de mim e prossigo viagem. Os meus pés estão demasiado calejados para continuar neste chão áspero e cansado, onde tanta gente já se colocou de joelhos a pedir a Deus por misericórdia. 

domingo, 7 de abril de 2013

O homem que eu esperei ver a meu lado para sempre fez-me circular amor nas veias. As minhas entranhas estão ressequidas, a minha boca seca, sinto o meu paladar doce. Detonaste em mim o poder do reciproco. Sinto-te em mim de uma forma efémera mas na sua totalidade. E do nada vos peço que fiquei comigo durante um tempo indeterminado, sem razões aparentes, quero-te encostado a mim, flor de uma jarra de vidro azul pálido sem fim. 


sábado, 6 de abril de 2013

E enquanto percorria aquela rua, vaga de ideias, frequentemente utilizada por cristãos praticantes, sentia-me interiormente vazia. Não tinha qualquer fé em mim ou nos outros, éramos somente corpos quentes, normalmente instáveis, que procurávamos prazer, facilidade e comodismo. Não tive qualquer vontade em olhar ao meu redor, ver almas preenchidas com tamanho amor fazia-me pecar. Estávamos em plena primavera molhada e a chuva continuava a ser desprezada por todos... menos por mim. Continuava a gostar do cheiro a terra molhada e de sentir a brisa arrepiante que se costuma sentir nos tempos mais refrescantes. Mas de todo foi um prazer sair de casa com a tempestade lá fora, ainda para mais, obrigada pelo tempo e pelo medo de nunca encontrar o amor na Rua Saint Roman De L'amour. É verdade, eu tinha medo de não encontrar o amor até que o amor me encontrou e o medo acabou.

terça-feira, 2 de abril de 2013

E em toda a confusão citadina eu encontrava-me ali, petrificada, à espera de um respirar mais profundo teu. E no mesmo instante que isso aconteceu eu beijei-te. Beijei-te porque foi mais forte que eu e a sensação de provar o teu suspiro era maior. Suspiros de canela, o meu preferido. 

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Eu tinha acabado de colocar a loiça na máquina quando vejo na televisão a noticia do primeiro embate do avião. Estava a olhar para a televisão e a tentar relembrar todos os lugares que me tinhas dito que ias, eu não estava mais naquela sala, estava contigo onde quer que estivesses. De imediato quero-te a bater à porta e a perguntar se eu estava bem, mas não chegava qualquer rasto teu. Tinhas-me dito que ias falar com o Mr. Royal porque o seguro da casa estava-te a incomodar. Tinhas-me dito ainda que, se houvesse tempo, ainda falarias com o Mr. Smith para lhe perguntar pela filha que tinha estado doente na semana passada. Tinhas-me dito tanta solidariedade que te esqueceste de dizer "Eu chego bem a casa Maria".
E quando pego no telefone para saber de ti, eis que o segundo avião embate na segunda torre e ao mesmo tempo que isso acontece, o meu coração parte-se em mil cacos de amor e porcelana. Tu estavas lá, naquela meia janela do quadragésimo quinto andar, a discutir burocracias de um seguro que poderia ter esperado. Deixaste-me aqui, meio incrédula com o sucessivo, meio morta e meio nada.. Eu não senti nada somente a tua falta e a minha morte lenta.

segunda-feira, 11 de março de 2013

11 de Março de 2013
Brinquei ao faz de conta apenas em bicos de pés. E ainda consegui fazer um pliê a meio desta dança imaginária. Eu tinha sonhos presos na varanda, a secar com o vento depois de serem lavados à mão. E mais uns tantos ou quantos pacotinhos de chá ao lume para aquecer uma boa dose de chá verde com menta. Também queria tentar sorrir com os olhos, mas o sol encadeou-me.. e eu fui feliz.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

24 de Fevereiro de 2013
E quando voltar a nascer a primeira flor de laranjeira saberei exactamente como voltar a ser feliz a teu lado. Saberei exactamente o que te escrever na primeira carta porque cartas de amor más imploram por amor, mas as minhas cartas de amor não pedem nada. E sei exactamente como começar a escreve-la, "Pequeno passarinho a primavera voltou e com ela voltaram as noites amenas e cheias de cor..".  Tão nós não é verdade? És o David da minha vida. Estou alegre.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

20 Fevereiro 2013
Fechei os olhos por ti, porque se continuasse com eles abertos o nosso amor acabaria de forma tão irregular e hipócrita. Mas deixa-te estar, o sofá é grande para nós dois e podes continuar a falar sobre a grande viagem que estás a pensar fazer. Sem mim. Porque as viagens para ti só são desfrutadas no meio do nada, rodeado de ninguém. E enquanto eu fico aqui a colar o que resta do papel de parede do nosso ninho, tu andas por aí a cheirar outros cheiros que não o do meu perfume. Se magoa? Magoa mas suporta-se. Nada melhor que uma caneca de chá de maçã e canela, que eu odeio mas que tu gostas tanto pois, numa relação, há sempre alguém que tem de fazer os sacrifícios maiores para tudo dar certo. Infelizmente esse alguém sou eu. E tu ficas-te somente com a parte boa. A indiferença e o saber que és amado.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

8 de Fevereiro de 2013
Criei um pedaço de mim mais forte que o habitual. Não foi por mal, só não sabia como enfrentar as astutas formas de não chorar por amor. Foi como água com sal. Fora do normal. Inquieto e insano, é oportuno nas horas vagas e particularmente esquecido, afinal.. Tudo o que de mal há em nós é a forma como interpretamos o sinal. Porque ser medíocre é banal. E tu és banal.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

29 de Janeiro de 2013
Deixamo-nos cortar pelo vento e pelo resto das palavras que restavam. Estava frio mas ao mesmo tempo o calor das nossas áureas não nos deixava mais tremer, éramos uns corpos quentes e mortos que ali estavam, olhando um para o outro, sem coragem para pronunciar qualquer sentimento. E eu falo de ti sem razão aparente porque todas estas histórias nunca são verdade, são apenas sonhos de alguém de coração cheio, cheio de arritmia e paragens simétricas e constantes. Eu sou um coração meloso e feito com tinta da china, sabes o que isso significa? Sei que não, ninguém o sabe... mas continuo a enche-lo de ti, como sempre te prometi.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

25 Janeiro 2013
Decidi escrever porque o autocarro já vai a meio do caminho e eu continuo a olhar em meu redor e a ver-me em constantes personagens. O barulho é ensurdecedor, não me oiço a respirar mas sei que o estou a fazer. Sinto-me viva, por incrível que pareça, hoje sinto-o. E enquanto passo os olhos por vários seres distintos, sinto a necessidade de pegar na caneta e escrever quantas saudades tenho do passado que não mais volta. 
Olho para um lado e lembro-me de como era estar apaixonada por um amor impossível.  Quando ele entrava no autocarro e, sem querer, trocávamos olhares, olhares que para mim ferviam como água sem gás. E tudo culminava num misto de faiscas efervescente capazes de desmoronar a qualquer altura, ou melhor, quando os olhares mudassem de direcção e a viagem continuasse. Depois, ao olhar para trás revejo-mo na pele daquela rapariga que tinha uma viagem inteira para contar tudo o que tinha acontecido na noite anterior à melhor amiga. Os risos eram a fonte mais viva de toda a conversa e sinto saudades de ter uma melhor amiga a tempo inteiro - suspiro como um nada e solto a voz para lhe dizer que aquela amizade não vai ser verdadeira para todo o sempre, mas para quê destruir sonhos? nunca ninguém me o fez..
A viagem já vai a mais de meio e ainda me vejo na rapariga que dizia que estava cansada de tudo, que o mundo não é mais que um simples circo e que as cenas cómicas não alegram mais ninguém - Esta era eu quando me apercebi que o amor é só um acontecimento que dói de maneira estúpida e indecente.
E eu não condenei ninguém, escutei, reflecti e sorri, "eu era assim". Foi a viagem mais penetrante de todo o momento, sentia que tinha tantos heterónimos como Pessoa e que eles estavam ali, a lembrar-me do passado. E tudo isto numa viagem de autocarro.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

22.01.2013
Temos conversas de marinheiros porque navegamos no mesmo barco há anos. Sei de cor todas as tuas facetas de herói e tu sabes exactamente onde estão todas as minhas sardas. Gosto de te contar todos os passos que dou durante o dia e tu, paciente como sempre, escutas até não me suportares mais, o que garantes que nunca irá acontecer. Lembro-me de percorrer bancos e fileiras para me poder encontrar contigo no 918 que passava mesmo junto à minha porta em direcção à tua e ainda desejar que me convidasses a ficar. Lembro-me de coleccionar pétala por pétala das margaridas do jardim da minha casa na esperança que me dissessem que tu me querias como eu te queria. Lembro-me de me deitar e ficar a pensar naquele discurso enorme e bem preparado que tinha para te dizer na manhã seguinte, quando aparecesses milagrosamente à minha frente. És um milagre sabias? Sempre o foste e eu sei amar-te como milagre que és. E não há forma de não te pedir para ficares para sempre comigo, é só esse o meu desejo de 2013, de 2013 até ao final da minha vida.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

21.01.13
Estou cansada de histórias de amor que não acabam da maneira como sonhamos. Umas vezes somos um fruto maduro, pronto a comer, sem qualquer vestígio de bichos ou partes verdes. Outras vezes somos apenas ar, ar e memórias tristes que nunca chegaram a consolar o coração. E os suspiros já não nos valem de consolo ou recomeço porque a história é a mesma, e para sofrer novamente, antes vale despir o cansaço e irmos para frente do mar afogar as mágoas. Já nem o café é o mesmo, nem o doce de maçã tem o mesmo sabor. Nem vale mais a pena acordar cedo para tomar o pequeno almoço... Para quê fazer companhia à solidão? Prefiro deixa-la morrer e depois sim, levantar-me já pela hora de almoço para começar outro dia sem dissabores.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

09.01.13
"Consegues sobrevoar almas mas não consegues esquecer o passado?"... Foi tão difícil voltar a sentir o frio de 2012 porque a verdade é a razão, está tudo subjacente no que não foi feito mas apenas perdoado, porque sou um coração mole que deixa passar tudo por entre os dedos. E aí ficaram os erros e as culpas sem definição, as lembranças de noites mal dormidas e húmidas. Enfim, perdoar é fácil, esquecer é impossível e eu continuo a fingir que 2013 me vai fazer esquecer todas as sombras passadas. Engano-me a mim e a ti.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

01.01.2013
E os desejos para 2013 chegaram mais depressa do que eu os pedi. O café escaldado para queimar gargantas estava no ponto e o ano soube como o fazer a meu gosto. No entanto deixei-me de vícios, estava a ficar negra por dentro de tanto não saber amar como tu e isso causava mau estar, dores de coração e em certos casos amnésia. Está na hora de esquecer as mágoas e ondas carregadas de sal do ano passado, chegou a momento de encararmos que o nosso futuro é juntos e que por mais almas penadas que apareçam a nossa ligação arde-nos como feridas por sarar. Guarda-me esta noite porque a anterior estive a tomar conta de ti e deixei-me arrefecer com o orvalho da madrugada. Preciso de descanso, apaga as luzes. Feliz 2013.

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