sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Não conheço ninguém mais náutico que ele. Quando ele inventa todos os instrumentos para me mostrar que o sol é tão brilhante como a lua, mesmo que eu não acredite. Que a água do mar no fundo é doce, que as tempestades não passam de pequenas zangas dos Deuses e que o amor é uma flor que nasce no cume de uma montanha. Eu rio-me, porque os meus dias têm sido nublados e só ele me trás esse cuidado. No fundo a transparência da alma dele não faz mal a ninguém e muitos duvidam dessa inocência. Mas eu sei, eu sei que tu és divino e que as tuas asas só aparecem de noite. 
Estou nostálgica esta manhã, manhãs estas que têm trazido o bom ar. Obrigada por estares sempre comigo, mesmo nessa tua indiferença, nessa tua transparecia, porque eu não te vejo mas sinto-te. Sinto-te como nunca ninguém te sentiu. E deixa-me estar, as coisas boas da vida são aquelas que ninguém as desfruta, somente uma pessoa. Eu.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Para todas as relações que tiveram fim existe sempre um inicio. Vais querer não te apaixonar mais. Vais preferir lutar por ele que morrer na espera de encontrar outro alguém porque, inexplicavelmente, ganhaste forças para não acreditares que foi o fim. E tu sabes que foi. Deus nunca te vai largar e mesmo assim vais dizer que ele não olhou por vocês como pediste e vais trancar-te num mundo frio porque achas que ninguém está do teu lado. O céu vai-te sempre parecer negro e sem estrelas e no momento que lanças um sorriso também choras, porque lembras-te da maneira que sorrias quando estavam juntos. Cada lágrima vai parecer mais longa que a outra e o teu corpo vai perdendo a calma, as memórias vão atacar-te e vais desejar adormecer sem mais acordar. Não vais suportar a ideia de ver romance em qualquer lugar e estarás sempre dormente, dormente de amor. E no momento que ponderares seguir em frente vai existir sempre um baú no lugar errado para te lembrar que o teu grande amor não era tão grande assim. Vais achar que ninguém te entende, que os azares só te acontecem a ti. Amanhã chegará um novo dia com o qual vais ter de lidar e se alguém te perguntar se estás bem, não respondas, respira fundo e pensa no amanhã. Porque o amor sempre será um caso para explicar.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Alugo-me permanentemente a ti. Sem caixa de correio ou buracos por fechar. Alugo-me por inteira, com decisões definidas e planos por agendar. Porque já não sou criança de berço mas preciso de colo. Preciso de beijos ao acordar e de alguém que saiba exactamente todas as datas importantes que eu possa esquecer. E quero pedir menos vezes desculpas ou então destruir essa palavra por completo. Viver a juventude enrolada a ti com desejos de nós e de pipocas doces. Estou cansada do escuro e de me sentir fria e não tenho muito jeito para escolher bons aquecedores além de ti. Sinto-me cansada dos azares da vida e esqueci-me que te tenho. Eu não bebo, não fumo, não tenho livro de instruções. Tenho apenas um coração pequeno, simples e bonito para cuidares. Gosto de ti, ou adoro-te, ou amo-te, depende da perspectiva.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Deixa-me adormecer mais um pouco. Ainda agora acordei e já sinto os olhos cansados. Cansados de intolerância e rouquidão. Sinto as minhas pernas a quebrar, não caminho, estou presa ao tempo. E não peço ajuda porque não preciso de esperanças. Falsas esperanças e momentos provisórios. Não gosto de estradas curtas que não mantêm uma conversa interessante e longa. Longa de adjectivos e figuras de estilo utilizadas pelos professores mais antigos mas com mais sabedoria.  Quanto ao sono e ao cansaço deixo-o estar sossegado, não o quero desanimar. Sei que por outra perspectiva eu só me sinto só e só digo, rodeada de gente mas com o coração vazio. E sei de imensa gente que se sente assim. Mais cansada do que viva. Não sei nomes, eu nunca fui boa com nomes próprios só comuns, tão comuns como o meu. 
E algo me fez levantar. Não tu, não eu. Mas algo mais forte que isso. Talvez o vento ou a chuva. Mas faz sol e aí a minha ideia contradiz-se. Nunca soube ao certo o que foi, mas deixou radiante.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Eu não me rejo pelo conformismo. Por aquela tendência drástica de se conformar com os usos estabelecidos. Pela igualdade de ideias assentes em cima da mesa, comparadas a destroços humanos afundados à séculos no esquecimento. Eu não sou um estereótipo de  alma negativa, sou um pedaço de lua neutra. Tenho poucos sonhos e não desejo nada para além do infinito. E porquê? porque o infinito desvenda-me, despe-me e consome-me de imediato e eu fico pálida e apática. O meu rosto não engana. Nem tu, nem nós.

domingo, 26 de agosto de 2012

Gosto do compasso dos dias. Dias que são nossos por direito. Porque nos entregamos de corpo e alma um ao outro e temos feridas ainda por sarar aos poucos. Porque o amor constrói-se, não se o tem de uma vez. E a raridade da comunhão é demasiado ofensiva para os Deuses que acreditam num final feliz e radiante. Sou toda eu construída de pequenas ranhuras de cristal, coleccionado nos países mais frios do mundo. És todo tu construído de grandes pedaços de sol. O mesmo sol que nos queima a pela branca e sensível. E que nos condena à sede por longas horas de trabalho. Somos um sólido abstracto e silencioso. Nada bruto, um pouco vadio. Somos nós filhos de pais diferentes mas que nos encaixamos tão bem, tão penosamente bem. E as circunstâncias são imensas. Como o meu sentimento por ti.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

As vozes não estavam conjugadas. Sobressaía um som estranho por entre o murmúrio da mente finita. E daí parecia entrar cantos ferozes na colmeia viva da terra que emanava com o drama das pessoas. Rimava com dor e tinha cores escuras como a noite lá fora, mas eu já tinha clareado como a luz de Júpiter que me tinha entrado como por magia na cavidade superior do meu coração. Estava um silêncio de morte outra vez, imensidão e transparência, eram as palavras que jamais se ouviam e eu queria viver outra vez, por mais que o tempo não o premeditasse. E será que vivi? Será que estou viva? Será que o Inferno existe? Serei eu alma escura? Ou alma clara?

domingo, 19 de agosto de 2012

Tenho me baralhado com os dias. Com as cores dos dias. Com os sons dos dias. Com a monótona calma inquebrável deles. Tenho-me saciado com pouco sol. E relato cada ponto de luz como o fim do mundo. Porque relativamente a nós, eu não sei de cor todas as datas e relativamente a mim eu não conheço todos os preconceitos da constante mudança do meu humor. Não consigo sonhar mais porque a tempestade parou em cima de mim e recolheu-me o meu bom dormir. Despiu-se toda e enrolou-me junto a ela para poder não pensar, não agir, não ser um pedaço de mim perigoso. Eu vou ser sempre tua e tu vais ser sempre meu e o mais que pode acontecer é eu passar a pertencer-te e tu entrares em mim como estrela cadente que és. E assim juntos num só conceito, sendo um só discípulo, somos água e sol como sempre quisemos ser.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

estou cansada por dentro e secaram-se as palavras. não encontro água e sol para as sustentar. estou vazia de ideias e fora do mundo. dolorosamente perdida. encontrem-me.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

diário de bolso (1)

dear dave, hoje senti a tua falta. os dias sem ti tornam-se mais lentos e quentes. quentes no sentido que queima e não que me fazem bem à alma. não suporto passar dias contigo do outro lado do Sorraia. volta para mim que estou ansiosa de te voltar a ver. porque temos um amor cheio de sossego e pequenas maravilhas. porque tu és o meu ser e eu o teu pequeno passarinho azul. com todo o amor que te podem dar. da tua May.
Ontem à noite viajamos por tantos sonhos e nem saímos do lugar. Eu tinha a certeza que te tinha encontrado mais forte que nunca, e não interessa o que o vento te trouxe. Tu estavas tão radiante a falar e de certo que a paixão tomou conta de ti e tudo foi ainda mais sentido. Trouxeste uma alma de irmã comigo. Eu não acreditava, a magia da colheita nova que fiz estava a transformar o meu quarto num lugar melhor. Mais acolhedor. Foste tão pequenina como eu em todos os momentos. Senti que dentro de ti nasciam girassóis que rodavam sempre para o lado do sol. Que coração mais doce o teu. E no final, ainda pedi a todas as estrelas do céu o favor de te acompanhar na noite. Para que todos os teus desejos se realizassem. És igual a mim, mesmo longe eu estou perto. E quando precisares de gritar, chama-me por entre as nuvens. Eu estarei lá, pequena Abbie.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

ela é doce como o algodão cor-de-rosa e sonha como mil tornados. voltou para nos saciar e oh, como ela dança ballet. é a maravilha do mundo, ela escreve, escreve, escreve e volta a escrever sempre em pontas. porque o mundo dela gira em torno dos que ama e esquecesse que ela é que é a bailarina. Visitem-a aqui.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Deixas-me amedrontada, assustada, incapacitada, apavorada e tudo mais que acabe em ada e me faça sentir ciúmes de ti. Porque amor traiçoeiro magoa e esfola sem pedir autorização. É como caneta sem tinta que rasga o papel sem deixar sinais de vida, e percorre tempo sem fim a riscar o vazio da subtileza humana na qual não quer ter consciência da verdade. E eu sorrio para não chorar e declaro-me ás paredes de um mundo cor de rosa que não é o meu, porque o meu foi pintado de preto e comunga com as minhas manhãs todos os dias. Salientam-se as flores verde água a um canto. Tão doces e seguras de si mesmas. E eu tão doente e provocadora. Mas a realidade cobiça o sonho e o sonho por sua vez cobiça o desejo. E quando me lembro que ainda sou pequena e os pequenos não conseguem fazer crescer plantas deixo-me engolir pela ansiedade e  deito-me à espera que sejas tu a decidir o quão crescida posso ser e o quão louca me consideras por ter ciúmes de um amor que em nada pode ser estragado. Como o nosso.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Esta manhã senti-me pressionada pelos demais seres estranhos que me acompanham durante toda a minha vida. As sombras que percorrem as paredes do meu quarto decidiram deitar-se a meu lado na cama sussurrando-me pequenos detalhes de como arruinar o meu espírito livre. Porém, toda a continuidade de frases ameaçadoras fizeram-me pensar no quão boa sou por levitar sempre por cima. E igualmente bom é o jornal que me trouxeram com o pequeno-almoço. Mortes fazem o dia porque rematam sempre na hora certa e as pequena efusões líricas são esquecidas pelo vento e a humidade das noites de verão. E as noticias boas são sempre escassas como a boa vontade da sociedade repleta de greves e perturbações. E eu sou só mais um ser que caminha por aí. Lado a lado com o meu ego.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Hoje sonhei contigo. Sonhei contigo, com carros a arder, com furacões e todo o tipo de desastres naturais que podem acontecer. Elevei o meu sonho ao máximo e imaginei-nos a derreter junto ao mar, de mãos dadas. E lentamente dos nossos corpos fluíam gazes que devastavam a terra e matava os animais. Senti escuridão e dor e não percebi o porquê de tal acontecimento. Dei por mim a analisar todos os componentes físicos e químicos que somos e  deparei-me com tremenda quantidade de amor e sexualidade. Arrastei os corpos até à areia e dei-lhes vida, colocando novamente as nossas almas neles. Reparei no brilho do teu olhar e na secura dos teus lábios. Era-mos felizes assim, fazendo mal um ao outro e de tão mal que nos fazíamos o amor penetrava e destruía o nosso coração. O nosso amor é diferente dos outros, mas é assim que se constrói à dois anos, amar-te faz-me bem e torna-me transparente, como a água em que nos dissolvemos. 

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Para os erros há perdão; para os fracassos, chance; para os amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. O romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.

Wednesday, 1 August 2012

Nada do que falamos ficou para recordar. A pequena lagarta transformou-se numa borboleta e soube voar. Eu fui igual. Soube apanhar o primeiro caminho de vento e decidi deslizar para o oeste do coração mais puro de sempre. Tu não me ensinas nada e contigo só sei o que é sofrer no fogo. Não sei falar em mais língua nenhuma. Sei a minha e a do meu coração, que não é universal pois não quer saber o que é sofrer num todo. E tu não sabes como é saber amar como eu sei. Por isso nunca fomos feitos um para o outro. Eu apaixonei-me por ele como ninguém, tu foste vento, foste pó, foste passado. Eu renasci das cinzas e agora nunca mais morrerei por ti, nem por qualquer espécie de Homem Borboleta como tu.
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