quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Já passa das nove, o café já deve ter arrefecido, e eu continuo na cama a tentar recordar-me da noite de ontem. A luminosidade do meu quarto proporciona-me uma instável manhã, os raios de sol que batem na parede queimando-a e desgastando-lhe a cor.. enfim, pormenores.  Levanto-me ainda meio adormecida mas realizada, o marley continua a meu lado, nunca me traiu até agora, é o meu grande amor. Os dias têm se tornado pequenos, as manhãs mais dolorosas e as noites mais cansativas. O trabalho na revista também continua igual, há semanas que escrevo sobre desamores, algo que soa bastante bem para quem nunca se aventurou numa relação como eu. A minha chefe teima em não dar-me outro tema, a minha coluna está monótona com tantas lágrimas. Sinto-lhe a tristeza logo quando me sento e começo a divagar. 
Hoje só entro à tarde, tenho a manhã destinada a mim e à minha solidão. Com tantos pensamentos acabei por beber o café à pressa, queimando a língua, e por azar acabei com o último cigarro. Escusado será dizer que terei de sair à rua para abastecer o meu único vicio que me acompanha desde que o meu pai morreu. Avivar esta memória sempre que fumo destrói-me aos poucos, a minha mãe acredita que irá superar esta perda enfiando-se na cama com homens casados, e eu não a censuro. Afinal o seu grande amor acabou com a sua própria vida deixando-lhe uma viciada em café de vinte e três anos e sem namorado...
Eu tinha um apartamento na baixa, mas os fantasmas eram imensos sendo que a única solução foi pegar no marley e mudar-me para esta cidade sem nome e cheia de fumo. Os ponteiros nunca pararam, continuo a mesma rapariga que encontrou o pai morto, a única coisa que mudou foi a minha morada e o meu número de telefone.. tive de fazer alguma coisa pela minha sanidade.
May Rose (fictício)

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Para a Rosarinho:

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