segunda-feira, 1 de abril de 2013

Eu tinha acabado de colocar a loiça na máquina quando vejo na televisão a noticia do primeiro embate do avião. Estava a olhar para a televisão e a tentar relembrar todos os lugares que me tinhas dito que ias, eu não estava mais naquela sala, estava contigo onde quer que estivesses. De imediato quero-te a bater à porta e a perguntar se eu estava bem, mas não chegava qualquer rasto teu. Tinhas-me dito que ias falar com o Mr. Royal porque o seguro da casa estava-te a incomodar. Tinhas-me dito ainda que, se houvesse tempo, ainda falarias com o Mr. Smith para lhe perguntar pela filha que tinha estado doente na semana passada. Tinhas-me dito tanta solidariedade que te esqueceste de dizer "Eu chego bem a casa Maria".
E quando pego no telefone para saber de ti, eis que o segundo avião embate na segunda torre e ao mesmo tempo que isso acontece, o meu coração parte-se em mil cacos de amor e porcelana. Tu estavas lá, naquela meia janela do quadragésimo quinto andar, a discutir burocracias de um seguro que poderia ter esperado. Deixaste-me aqui, meio incrédula com o sucessivo, meio morta e meio nada.. Eu não senti nada somente a tua falta e a minha morte lenta.

8 comentários:

  1. Está dos textos mais simples, mas mais incríveis. Lindo.

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  2. r: muito obrigado pelas tuas palavras, querida :') embora aquele seja um texto fictício, inspirei-me em vários factos reais da minha vida e numa pessoa de quem gosto mesmo muito e de quem sinto a falta...

    já este teu texto também está perfeito! a tragédia do 11/9 toca-me particularmente e tu conseguiste trazer um pouco de toda a angústia daquele dia através das tuas palavras.

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  3. Muito bom... e muito bonito o teu blog :)

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  4. Gostei muito deste sítio, segui :)

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  5. és uma princesinha tão doce com uma das escritas mais puras e belas daqui

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Para a Rosarinho:

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