Nunca soube nada de ti. Mantive-me à espera da carta que nunca chegou. Do suspiro que me iria desvendar o passar do tempo e como o decidiste ocupá-lo.
Tinhamos umas quantas contas por fechar e uns quantos lençóis por dobrar. No fundo, tudo o que partilhámos ficou no mesmo lugar porque eu decidi não chamar o fim.
Não chamá-lo, como quem diz, não olhar para a porta a fechar e achar que a mesma nunca mais se iria abrir para a tua chegada. Nunca quis tanto deixar uma ferida aberta porque sei se a colocasse ao ar ela iria sarar e eu não quero que sare... quero que doa porque enquanto doer sei que o que tivemos teve sentido, pelo menos para mim.
No outro dia, enquanto caminhava por uma rua meio inclincada, pensava em ti e em nós e em como nos deixámos escorregar pelas subidas da vida. Tinhas sempre a certeza que a dificuldade da subida iria ser aproveitada quando chegassemos ao topo. Só não me disseste que nunca lá íriamos chegar.
Tu eras o meu coração de cinza porque todas as outras cores eram demasiado obsolentas para ti, "eu sou uma pessoa vintage", dizias. Traçava-te em mim, mesmo sem cor, porque no fundo foste tu que me fizeste apreciar o cinzento da vida. O equilíbrio.
Hoje não estás. Não sei onde andas. Só quero que saibas que comecei a gostar de amarelo e que já sei saltar à corda.
Espero que estejas bem.
Até um dia.
terça-feira, 20 de maio de 2025
sábado, 27 de outubro de 2018
Já passou um mês desde o nosso embate
e tu nem notaste que eu não voltei a casa.
Passou um mês desde que eu bati a porta
com a pequena esperança que fosses atrás de mim.
Erro meu.
Hoje sei que nunca estiveste disposto a procurar-me
porque a tua vida tomou um rumo sem mim.
E eu nunca fui de rumos.
Sabes,
sentir que não somos o que gostaríamos de ser na vida do outro
é um peso que nos leva ao fundo.
Enrola-nos e sufoca-nos.
Ficamos maltratados e desejamos nunca ter começado a amar essa pessoa.
E eu amei-te. Muito.
quinta-feira, 31 de agosto de 2017
Eu não soube esperar
É verdade, eu não soube esperar por ti. E acredito que esperar por alguém deva ser um privilégio porque, colocar a vida em pausa por causa de ti merece algum crédito. Não encontrei motivos suficientes para ficar agarrada ao vazio de não te ter. Além disso, a probabilidade de voltar a olhar-te nos olhos com a mesma intensidade com que nos olhávamos seria muito pouca. Seria errado querer um futuro exactamente igual ao passado, com os mesmos erros, com as mesmas poucas alegrias, eu mereço melhor. Ainda assim, existe sempre uma pequena parte de mim que te quer agarrar desesperadamente e afundar contigo, a uma profundidade que nos permita ficar eternamente juntos.
Subscrever:
Mensagens (Atom)