Marias há muitas

Só não me digas que foi tudo em vão e que somos uma maré sem retorno. Cuidei de ti com todo o meu pequeno e mal habituado coração, fiz das minhas inseguranças estrelas e pendurei-as sobre nós enquanto dormíamos. E agora estou aqui, vazia e sem estrelas, apaguei o que restava de mim porque esse resto pertencia a nós dois. Nós dois como um só. Acreditei que poderíamos ficar os dois no alto mar, a olhar para o horizonte e a prometer que se um dia isto não desse certo, iríamos olhar para as estrelas do nosso quarto e relembrar o porquê de estarmos juntos. Promessas vazias e ocas. Tu sabias que nunca passaríamos disto, tu, eu, mas nunca um nós. E quanto mais penso nisto mais cortes se abrem, porque estar sem ti dói mas pensar que isto foi um erro sufoca e arde. Nunca vou voltar a olhar para isto como te olhava quando os teus olhos brilhavam à luz do sol, tudo ficou mais embaçado e sujo, preferia nem saber de que clube és. Conseguir fazer uma lista sobre tudo o que gostas e não gostas dá-me voltas à cabeça, perco-me porque consigo saber mais sobre ti do que sobre mim própria. Acredito que isto é obra de Deus, uma forma de ele me dizer que nunca me deveria ter entregue a ti, e agora ando eu por aqui a escrever e a pensar em como poderíamos ter sido tudo e agora somos nada.