sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

E eu  continuo presa ao passado que me corrói, agarrada a pequenos trapos rasgados de mágoa e dor. Consequentemente perco-me no fumo e nas cinzas do que outrora foi o nosso amor cego porque uma coisa é o amor, outra é a relação. Não sei se, quando duas pessoas estão na cama, não estarão de facto, quatro: as duas que estão mais as duas que um e outro imaginam. E se tudo isto fizer sentido, eu acredito que não somos só quatro na mesma cama, somos seis. Somos nós dois, mais as duas pessoas que desejaríamos que fossemos, mais as duas pessoas que fomos um dia e que, por azar do destino, nunca o deixamos de ser.
Eu gosto de te amar mas gostava ainda mais se pudesse confiar em ti como antes, quando após uma semana sem saber de ti, tudo o que eu queria saber era se tinhas saudades minhas, não com quem tinhas estado. E depois de conversas com sabor a mel, ficávamos somente ali a contemplar o nosso caminho a dois, sem memórias ou nódoas negras de um passado obscuro.
Mas hoje não sei mais quem sou nem o que fiz para não sentir mais os meus joelhos. Hoje não sei mais se o mar é realmente um sitio calmo ou apenas um meio para uma morte sufocante. Não acredito mais em dias cor de rosa, aliás, não acredito mais na inocência dos dias.

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